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O Porquê Dessa Comunidade - Como Tudo Começou

Falar de pele é muito mais do que beleza, é saúde, bem-estar e autoestima.

13 de Mar, 2024 1 comentário

Falar sobre pele é mais do que importante, é necessário. E é muito além de beleza ou estética: é autoestima, saúde e bem-estar. 

Em um mundo onde a gente muitas vezes não sabe mais como é a pele real, com tantos filtros, edições, photoshop e "correções", a gente precisa se lembrar o tempo todo que: pele perfeita não existe, e não tem nada de errado com quem somos, ou com a nossa pele.

Por isso, nada mais justo do que começar esse blog contando um pouco da minha história e das motivações que me trouxeram até aqui, e tem muita história!

Mas eu vou resumir (ao máximo que conseguir). 

Eu lidei com a acne durante 12 anos da minha vida, entre altos e baixos, e em diversos momentos eu me sentia muito sozinha. Eu sentia que ninguém entendia (de verdade) o que eu estava sentindo e passando (literalmente) na pele.  

Eu não tinha amigos que lidaram com a acne da mesma forma que eu. Não tinha pessoas próximas que tivessem acne como eu tive. E quando eu queria falar sobre isso eu sentia vergonha, incômodo, tristeza e a sensação de incompreensão. 

E, provavelmente como você que está aqui do outro lado lendo esse post, eu tentei TUDO. Todos os tipos de tratamentos, medicamentos, pomadas, ácidos, peelings, lasers, e até o tratamento com a isotretinoína (Roacutan) - que eu fiz 3 ciclos de tratamento completos.

Mas, de alguma forma, a acne sempre me encontrava de volta.


Fotos da minha pele com acne ao longo de vários anos, depois de 3 ciclos de tratamento com a isotretinoína. Nessa foto do meio, eu estava no trabalho e não conseguia parar de pensar no quanto eu queria não ter mais acne, isso me tirava o foco das minhas atividades, me deixava triste, insegura em reuniões, e atrapalhava muito a minha vida profissional.

Depois do terceiro tratamento eu realmente pensei que tinha me livrado da acne. Estava mais feliz do que nunca porque pensei: agora acabou. Infelizmente, não foi bem assim. O tratamento com a isotretinoína (Roacutan) não é uma cura, embora o tratamento seja um divisor de águas na vida de quem tem acne. Muitas vezes é a primeira vez que podemos ver a nossa pele de novo sem lesões de acne, depois de anos!

[A serenidade no olhar de quem achava que tinha se livrado da acne pra sempre. Dá para perceber?]


Infelizmente, fazer o tratamento por repetidas vezes também não é garantia de "cura".

Como a minha acne já tinha mostrado sinais de ser persistente, é claro que tinha algo a mais ali, que precisava ser entendido antes de eu conseguir alcançar a pele que eu tanto queria.  Aliás, façamos o favor a nós mesmos de não dizer mais "minha acne" - combinado? Não gosto dessa sensação de pertencimento a algo que é tão avassalador para nossa autoestima. 


Mas além da acne, tem um outro "problema" que surgiu depois do meu primeiro tratamento com a isotretinoína: a Rosácea. E junto com ela, uma leve dermatite atópica. Não posso dizer que a Rosácea tenha surgido pelo uso da isotretinoína, afinal, o Roacutan é um medicamento usado para pacientes com Rosácea papulopustular e com excelentes resultados. Mas a dermatite atópica pode ter sido sim exacerbada pelo uso da isotretinoína, como aponta esse estudo aqui, publicado em junho de 2023:

MOHN CH, BLIX HS, BRÆND AM, NAFSTAD P, HALVORSEN JA. Prevalence of Isotretinoin Therapy in Adolescents and Young Adults With and Without Atopic Dermatitis: A Nationwide Prescription-based Population Study. Acta Derm Venereol. 2023 Jun 13;103:9424. doi: 10.2340/actadv.v103.9424. PMCID: PMC10278253.

Por isso, depois do primeiro ciclo de tratamento com a isotretinoína, era comum a minha pele ter bastante alergias, irritações e sensibilizações. 

E assim, quando eu tive acne depois de ter feito dois tratamentos com a isotretinoína, os medicamentos tópicos e ácidos foram ficando cada vez mais difíceis de serem tolerados pela minha pele.

[Foto da minha crise de acne antes do terceiro tratamento com o Roacutan, com a Rosácea atacada]

Eu conseguia usar peróxido de benzoíla uma vez por semana, quando conseguia. Quando a minha dermatologista me prescreveu o ácido azeláico, minha pele ficou completamente sensibilizada, a ponto de eu aplicar e precisar remover logo depois.


Chegamos a um ponto onde nada funcionava

Já havia tentado todos os medicamentos tópicos: adapaleno, peróxido de benzoíla com adapaleno, ácido azeláico, ácido glicólico, tretinoína, peelings, lasers, antibióticos, literalmente tudo. Mas nada funcionava, porque ou a minha pele ficava extremamente sensibilizada e a Rosácea entrava em crise, ou simplesmente os produtos que eu usava para acalmar a pele favoreciam o aparecimento de acne. 


Me lembro que depois do terceiro ciclo de tratamento completo com o Roacutan, voltei na dermatologista novamente com a queixa de acne e, antes mesmo de eu entrar no consultório, ela olhou pra mim e disse:

"não acredito, acne de novo. O que vamos fazer agora?"

Eu fiquei com a sensação de que não teria mais o que ser feito, que eu deveria simplesmente aceitar que a acne faria parte da minha vida. 

Nessa época eu comecei a ficar sem esperanças. Porque eu já tinha tentado literalmente todas as opções de tratamento, e ouvir isso do único profissional que poderia de fato me ajudar nessa jornada não foi nada fácil.

E não pense que eu não procurei outras opiniões: cheguei ao ponto de já ter visitado todos os dermatologistas que estavam disponíveis no meu convênio médico (e alguns que não estavam e paguei consultas particulares, também).

Mas, você sabe: eu sou inconformada.

Eu já trabalhava com desenvolvimento de cosméticos nessa época, como bacharel em Química. E trabalhava em uma das maiores empresas de cosméticos e medicamentos do mundo, como cientista (desenvolvendo produtos). Me deixava muito mal pensar que eu desenvolvia produtos para tantas peles sendo que eu mal me entendia com a minha própria pele. 

Foi nesse momento que eu decidi estudar muito a respeito da acne. Eu lia muitos artigos científicos sobre o tema e buscava entender o porquê eu ainda tinha acne.

Meu objetivo era entender de uma vez por todas tudo o que poderia estar relacionado com o surgimento da doença, os fatores causadores, a diferença entre uma acne da idade adulta e a acne adolescente, quais os possíveis tratamentos mais modernos utilizados em todo o mundo, e também foi esse estudo todo que me motivou a fazer minha segunda graduação, o bacharelado em Estética e Cosmetologia.

E depois da segunda graduação, comecei a pós-graduação em cosmetologia, para me aprofundar ainda mais e me atualizar muito. 

Busquei diversos profissionais para me ajudar na investigação da acne: dermatologista (sempre), ginecologista, endocrinologista, nutrólogo e nutricionista. E somado a tudo isso, construí minha rotina de skincare de uma forma muito diferente de tudo o que eu já tinha feito antes.

Somando todo o meu conhecimento como alguém que desenvolvia cosméticos e que estudava profundamente sobre o tema, manipulei minhas próprias fórmulas.


E tem sido uma jornada muito incrível, de muito conhecimento e de me entender na minha própria pele.

Hoje eu posso dizer que finalmente me sinto sob controle da minha pele. Tenho acne apenas de forma pontual, e deixei de entrar no modo desespero como eu entrava antes.


O desespero de querer uma solução rápida leva a gente a fazer loucuras

No passado, cada lesão nova de acne que aparecia eu começava a questionar tudo o que eu estava fazendo: a minha alimentação, a minha rotina de skincare, qualquer estresse "bobo" e trivial já me fazia repensar se eu precisava mudar meu estilo de vida completamente porque eu não poderia me estressar (oi? como viver uma vida 100% livre de estresse?) e isso me gerava muitas crises de ansiedade, e me levava a não conseguir usar nenhum cosmético por tempo suficiente para ver resultados, sequer, em questões mais básicas como reparação de barreira.

Hoje, quando aparece uma lesão de acne na minha pele, eu procuro só cuidar dela da melhor forma possível e deixar que, no seu tempo, ela desapareça. Mas cada vez essas crises se tornaram menos frequentes. 

Com o apoio dos profissionais certos (falaremos sobre isso mais adiante, porque acne é uma doença multifatorial e muitas vezes precisa ser tratada com o apoio de outros profissionais médicos sim, além do dermatologista), com um estilo de vida mais equilibrado (sem exageros, nem comer só salada, nem comer pastel todo dia) e com a rotina de skincare ideal para o meu tipo de pele, grau de sensibilidade e necessidades, hoje eu conquistei a pele saudável que eu tanto busquei.

Sem milagres. Sem resultados do dia para a noite ou imadiatos. Quando falamos de acne, é uma jornada. Não tem como aplicar um produto agora e daqui a algumas horas a acne magicamente desaparecer. Aplicar um secativo e no outro dia não ter mais nenhuma lesão de acne.  

Nossa pele é o maior órgão do corpo humano e recebe muita influência hormonal para começar, mas sabemos que tem tantos processos biológicos que interferem na pele (e na acne) que é impossível uma jornada ser igual à outra. O que funciona para uma pessoa não funciona (necessariamente) para outra.

Por isso a importância de olharmos a acne de forma integrada. Todo esse contexto que eu trouxe da minha história, lá no fundo, foram as minhas motivações para que o @cientistadabeleza nascesse no instagram, e esse blog também.

Para te ajudar a encarar essa jornada com a complexidade que a acne merece, o apoio, o acolhimento que você merece, trazendo profissionais especialistas no assunto, trazendo conteúdo científico de forma fácil para você entender e confiar em cada passo da sua jornada.

Porque eu passei por tudo isso, aprendi tanto nesses últimos 12 anos, que eu não posso não compartilhar isso com você. Eu sei o que você passa na pele, porque eu já estive lá e passei tudo isso na minha pele também, e tudo o que eu mais queria era ter esse apoio, esse acolhimento, essa direção. 


 Porque quantas coisas a gente deixa de viver por causa da acne?

Eu já deixei de sair, de ir em eventos, de fazer tantas coisas porque eu tinha medo, insegurança, baixa autoestima e autoconfiança.  E eu quero que com esse blog, você me acompanhe e a gente vá pouco a pouco entendendo a sua jornada. Então fica aqui comigo que eu garanto que vai valer a pena. 

Um abraço apertado, bem apertado,  e até o próximo post! 

cientista
Juliana Pegos Química, Esteticista, Cosmetóloga e Especialista em desenvolvimento de cosméticos. Pesquisadora na área de desenvolvimento de cosméticos autoconservantes que cria conteúdo com embasamento científico sobre pele, skincare, ciência, saúde e bem-estar, nas redes sociais e aqui no blog. Cientista apaixonada pelo mundo da cosmetologia e skincare, inconformada e curiosa. É um prazer sempre te ter aqui!

1 comentário

17 Abr 2024 Ju

Ansiosa para ouvir as histórias da nossa comunidade sobre a relação com a pele. Quero ver vocês interagindo aqui nos comentários e trocando um pouco dessas percepções e sentimentos sobre viver em uma pele “difícil”. Pode ser acne, melasma, rosácea, dermatite, envelhecimento, o que vocês tiverem para contar e como foi esse processo de se entender e se encontrar na própria pele! :)

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